Perigo no ar

País começa mobilização para combater o Aedes aegypti, responsável pela dengue, chikungunya e zika

"É difícil vê-lo. Tem 0,5 cm de comprimento e o ruído que faz ao voar é tão baixo que não é captado pelo ouvido humano. Mas apesar da aparente insignificância, o Aedes aegypti (aedes do grego “odioso” e aegypti do latim “do Egito”) se tornou uma das maiores causas de preocupação na área de saúde pública do mundo. Para o governo brasileiro, é o problema número 1 do país. Isso porque além de transmitir febre amarela e dengue, ele é vetor das temidas febres chikungunya e zika – vírus que é considerado a causa do aumento expressivo dos casos de microcefalia em recém nascidos no Brasil.

Nos últimos 11 meses, o número de bebês diagnosticados com a doença cresceu quase 10 vezes em relação a média do ano passado. No país, as ações, até o momento, estão concentradas em Pernambuco, Estado que mais registrou casos de microcefalia. Foram 804 dos mais de 1,7 mil sendo investigados em território brasileiro. O total de mortes chegava a 19, na última quinta-feira.

No dia 5, o governo federal criou o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia. O objetivo é eliminar o mosquito e ampliar o atendimento às mães que têm o bebê diagnosticado com a má-formação e investir em pesquisas para identificação do zika vírus. A ação deve mobilizar 19 órgãos e entidades, encabeçados pelo Ministério da Saúde, com o reforço de Forças Armadas e Defesa Civil.

A erradicação do mosquito também levou a Secretaria Estadual da Saúde a promover, na última quarta-feira, um seminário com representantes dos municípios gaúchos para tratar das ações de prevenção à dengue, ao chikungunya e ao zika vírus. Atualmente, 169 municípios gaúchos são considerados infestados pelo mosquito, e há o risco de esse número aumentar, já que o verão é a época do ano de maior proliferação do inseto.

O Rio Grande do Sul registrou, neste ano 1.283 casos de dengue – em 1.039 deles, a doença foi contraída dentro do Estado. Mas ainda não foram registrados casos de chikungunya ou zika. Desde o início do ano, foram notificados cinco casos suspeitos, sendo que três já foram descartados. Dois seguem em investigação, com os exames laboratoriais já enviados para análise no laboratório Evandro Chagas, no Pará. Os dois – um de Porto Alegre e outro do Interior – são suspeitas de casos importados, ou seja, de pessoas que podem ter sido contaminadas fora do Rio Grande do Sul.

Ainda assim, a recente descoberta da relação do vírus com o surto de microcefalia no Nordeste do país reafirma a necessidade de uma atenção preventiva especial por parte dos gestores públicos e da população. Para o secretário adjunto da Saúde, Francisco Paz, este ainda é um momento oportuno para a adoção de medidas de combate ao inseto.

– Temos que discutir tudo aquilo que precisamos e temos que fazer daqui para frente. A situação é considerada de calamidade. Podemos até agora não ter registados casos de zika ou microcefalia. Mas é nossa responsabilidade estarmos preparados e organizados – destacou.

Na última semana, o governo do Estado lançou o Comitê Intersetorial de Combate ao Mosquito Aedes aegypti. A ação tem foco nos 12 municípios que registraram o maior número de casos de dengue autóctone. Nenhum está localizado na região central. A superintendente da Vigilância em Saúde de Santa Maria, Selena Michels, esclarece, porém, que o mosquito está presente na cidade, mas que os vírus que transmitem não estão em circulação na cidade. Porém, a equipe conta com 196 armaldilhas e 216 pontos estratégicos para monitorar o comportamento do Aedes aegypti. Além disso é realizado um trabalho de esclarecimento nas comunidades que, só neste ano, alcançou 11 mil pessoas.

– Temos um grande trabalho de prevenção ao mosquito que depende da população. Para exterminarmos o mosquito, temos de evitar locais de água parada. Com o esforço de todos, vamos vencê-lo – afirma.




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